
Prof. Doutor Manuel Matos
A problemática dos limites em psicanálise relacional insere-se numa zona de tensão e transição entre modelos autoritários, fechados, de obediência a limites externos, por oposição a modelos de autoridade que se estruturam de dentro para fora, de base relacional, na esteira das identificações, da escuta empática e do respeito pela diferença.
Este seria, em princípio, o modelo da construção dos limites internos. Mas nem sempre. Há que pensar os limites. Entre o autoritário e a autoridade existe a diferença entre o recalcamento normal, com base nas identificações e o recalcamento patológico, forçado, sempre à beira da ruptura e do contra investimento que rapidamente redunda em acções descontroladas onde se perdem os Limites. A transição de modelos impositivos construídos à revelia das pessoas e dos contextos, coloca-nos perante uma abertura que tanto pode constituir um espaço potencial, de transformação e criatividade, gerando novos e sólidos limites, como ser objecto de situações caóticas que servem de pretexto para justificar retrocessos e impor outras formas de limite e limitações (ainda que disfarçadas) deixando as pessoas cada vez mais dependentes, passivas, acríticas e sujeitas a imposição de limites que as ignoram enquanto pessoas e seres pensantes. Neste sentido, é necessário compreender a importância dos limites no desenvolvimento, na psicopatologia, no trabalho psicoterapêutico e psicanalítico, nos quais se impõe o respeito pela ética e o reconhecimento da importância da supervisão do trabalho psicoterapêutico e psicanalítico. Como é também necessário pensar a sociedade, a globalização, a "ausência de fronteiras" e as suas consequências sobre o identitário.
Aqui fica o convite à vossa participação nas III Jornadas da PsiRelacional, numa organização conjunta com a Faculdade de Psicologia da Universidade de Lisboa, que terão lugar nos dias 29 e 30 de Maio de 2020.
Vamos pensar a questão dos limites. Junte-se a nós.
O Presidente da Direcção da PsiRelacional
Prof. Doutor Manuel Matos